Balanço Patrimonial, o lucro está aqui?

Retrato de homem ocupado, apontando em sua mente sobre dinheiro. 
Fonte: "https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-homem-ocupado-apontando-em-sua-mente-sobre-dinheiro_7678772.htm" no Freepik

A Empresa existe há anos. E a dúvida sempre é se o negócio vale a pena, é lucrativo. Aliás, a pergunta melhor seria:

Por que não vejo o dinheiro do resultado do meu lucro?

Um dos sinais que os negócios estão indo bem é o enriquecimento da Pessoa Física. Os sócios, quando começaram o negócio, não tinham veículos próprios quitados, não tinham imóveis próprios, não tinham viagens a passeio na história de suas vidas…

Outro sinal é o enriquecimento da Pessoa Jurídica. A empresa começou com um caminhão velho, usado. Hoje, possui uma frota de 8 caminhões seminovos, etc.

No entanto, a confusão mesmo quanto ao enriquecimento em função de lucros acumulados e reinvestidos na empresa é com o estoque.

Encontra-se em muitos controles financeiros das empresas o gasto com os fornecedores de produtos (mercadorias) como se fosse custo. Custo da Mercadoria Vendida (CMV) é o valor da mercadoria vendida, como o próprio nome diz. Se esta mercadoria que está no estoque ainda não foi vendida, não é custo. Daí a importância do Balanço Patrimonial para demonstrar as variações das Contas… Patrimoniais, do Balanço Patrimonial.

Que tal um exemplo?

Digamos que uma empresa fature R$ 100.000,00 por mês. E que os custos das mercadorias vendidas (CMV) seja de R$ 50.000,00.

Visando ter um estoque para uns três meses, a empresa compra de um fornecedor, R$ 150.000,00, sendo 50% a vista, 50% em 30 dias.

Veja que, se for considerado por regime de caixa o pagamento de R$ 75.000,00 aos fornecedores este mês, o meu resultado por competência (DRE) fica “espremido”. Porque o resultado é apropriação do custo da mercadoria vendida no período. Venda de R$ 100.000,00, CMV de R$ 50.000,00. Como será pago R$ 75.000,00 aos fornecedores, não posso considerar este valor como custo. Muitos controles financeiros de muitas empresas fazem isto. Consideram o pagamento das compras aos fornecedores como custo. Está errado!

Por quê?

Porque o valor sai do caixa (ou conta corrente bancária) da empresa e vai para amortizar uma dívida que tenho com o fornecedor.

Ao comprar R$ 150.000,00 em mercadorias do fornecedor e receber a mercadoria, o Balanço Patrimonial fica assim:

1) Deverei R$ 150.000,00 ao fornecedor, sendo que assim que chegar os produtos (mercadoria), R$ 75.000,00 para pagamento a vista, R$ 75.000,00 para pagamento com prazo de 30 dias.

2) O saldo inicial do caixa da empresa é de R$ 100.000,00 (por exemplo).

Plano de contas do balanço patrimonial com as linhas do Ativo
Plano de contas do balanço patrimonial com as linhas do Passivo

Mercadoria comprada e recebida:

Plano de contas do balanço patrimonial com as linhas do Ativo

Notar que ainda não foi paga a parcela inicial de R$ 75.000,00. Por isto, o caixa continua com R$ 100.000,00 de saldo.

No entanto, o estoque já apresenta R$ 150.000,00 de valor em produtos, em mercadorias.

Por outro lado, no meu Passivo, devo R$ 150.000,00 ao fornecedor (sendo R$ 75.000,00 para pagamento a vista, R$ 75.000,00 para pagamento em 30 dias).

Plano de contas do balanço patrimonial com as linhas do Passivo

Procedo o pagamento inicial de R$ 75.000,00, conforme combinado com o fornecedor.

O saldo da conta “Caixa/Bancos” diminui de R$ 100.000,00 para R$ 25.000,00.

Em compensação, meu Passivo em relação aos fornecedores, diminui de R$ 150.000,00 para R$ 75.000,00.

Plano de contas do balanço patrimonial com as linhas do Ativo
Plano de contas do balanço patrimonial com as linhas do Passivo

Notar que, no início, antes da compra dos produtos, o patrimônio da empresa se resumia ao saldo da conta: R$ 100.000,00.

E que, depois da aquisição do estoque, continua sendo o Patrimônio Líquido, de

R$ 100.000,00.

Apesar do total do Ativo ter aumentado de R$ 100.000,00 para R$ 175.000,00.

Notar que, para alavancar este valor de R$ 75.000,00, o fornecedor me “empresta” dinheiro para comprar a mercadoria dele, com um prazo de 30 dias.

Assim, o total do meu Passivo aumenta de R$ 100.000,00 para R$ 175.000,00. Ficando equilibrado, portanto, Ativo e Passivo.

Ou seja, há mais valor na empresa por conta do aumento do estoque (Ativo).

Em compensação, também tenho uma dívida, um valor a pagar aos fornecedores (Passivo). Enquanto não for vendida um item do estoque, não há variação de aumento do Patrimônio Líquido neste nosso exemplo.

Por isto a insistência, em função da minha experiência como consultor de empresas que, sem os três controles essenciais financeiros (Fluxo de Caixa, Demonstrativo de Resultados-DRE e Balanço Patrimonial) fica muito difícil enxergar o que acontece na organização.

É fácil, fácil encontrar organizações que precisam de um estoque mínimo para operar por três meses (no nosso exemplo acima, 3 x R$ 50.000,00 = R$ 150.000,00) com estoques de R$ 500.000,00.

Ou seja, estoque para operar por 10 meses!!! Pra que isto, gente?

Voltarei a abordar o assunto. Com a expectativa que, você, empreendedor, empresário, tenha ciência que:

  1. Pagamento aos fornecedores não é custo. É variação nas contas patrimoniais. Somente o Balanço Patrimonial pode demonstrar isto. (Ou um bom Plano de Contas, também);
  2. Cuidar para não ter estoque além do necessário para suas operações periódicas.

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